domingo, 12 de dezembro de 2010 By: nonete




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Médico americano David Crow conheceu o trabalho do CNMP, em Olinda, em 2007 e destacou poder preventivo das plantas. Foto: Juliana Leitão/DP
Se as avós pudessem prever o futuro, provavelmente, as indicações de chá como solução para quase toda enfermidade não seriam tão sutis. O uso de plantas medicinais como remédio vem ganhando força e avançando do quintal de casa para as prateleiras das farmácias. Em Pernambuco, depois de ser adotado em oito municípios, o uso da fitoterapia começa a ser discutido em Paulista, levantando uma antiga polêmica. No Brasil, entre 200 e 300 cidades já aderiram ao modelo no sistema básico de saúde. Um processo que, mesmo assim, é considerado lento por seus defensores. Afinal, as plantas sempre estiveram aí. Nos quintais.

O aproveitamento da riqueza medicinal das plantas é defendido no estado pelo Centro Nordestino de Medicina Popular (CNMP), localizado em Olinda, que desenvolve projetos com o objetivo de resgatar o uso destas plantas desde 1988. Neste período, o centro já obteve retorno dos municípios de Olinda, Cabo de Santo Agostinho, Arcoverde, Mirandiba, Itapissuma, Bezerros, Camucim de São Félix e Brejo da Madre de Deus, um dos pioneiros. "Os medicamentos de plantas medicinais são mais baratos e podem gerar renda e emprego para a comunidade local de agricultores. Além disso, não possuem contra-indicações como os tradicionais", esclareceu o médico e coordenador do CNMP, Celerino Carriconde.

A prática foi estabelecida pelo Ministério da Saúde como uma terapia alternativa no Sistema Único de Saúde (SUS), em 2006, através da portaria 971. Ainda assim, os municípios precisam ter uma legislação própria para implementar o procedimento fitoterápico. Com o objetivo de iniciar o processo em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, o CNMP realizou uma audiência pública na Câmara Municipal na quarta-feira passada. "Indicamos o uso de plantas validadas e reconhecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A idéia é que cada posto tenha uma farmácia viva e um laboratório municipal", disse Carriconde.

Reconhecido internacionalmente, a atuação do CNMP despertou o interesse do médico, herbologista e escritor americano David Crow. Em visita ao Brasil no ano passado, ele foi até o CNMP para conhecer o trabalho. "Além de tratar, as plantas medicinais alimentam e desintoxicam o corpo, o que é algo impossível para as drogas de laboratório", disse na ocasião, acrescentando que a medicina natural ainda pode prevenir o surgimento de novas doenças. Para ele, chás e infusões são as formas mais simples e baratas de se introduzir a medicina natural no dia-a-dia.

Quando pensa em economia, a farmacêutica responsável pelo laboratório e farmácia básica do Brejo da Madre de Deus destaca que a substituição do modelo rendeu uma economia de 30% na compra de medicamentos. "Deixamos de ficar subordinados aos preços do mercado farmacêutico e ainda melhoramos o tratamento aos pacientes", ressaltou Eliane Barreto da Silva, lembrando a ausência de reações adversas em dosagens acompanhadas pelo médico. Ela cita, por exemplo, o xarope de angico que pode ser ministrado para asma sem implicar riscos ao coração.

Plantas medicinais e seus benefícios

Angico

Nome científico

Anadenanthera peregrina

Nome popular

Paricá, Angico-de-curtume, paricá-da-terra, angico-branco

Indicações e utilização

Diarréias, disenteria, gases. Afecções respiratórias: tosse, catarro, pneumonia, asma. Úlceras, contusões e corrimentos, doenças venéreas; hemorragias

Aroeira

Nome científico

Schinus molle

Nome popular

Pimenta-roa, fruto-de-sabiá, aroeira-mansa, aguaru, baguaçú, aroeira-da-praia

Indicações e utilização

Afecções de pele: feridas e tumores. Dores reumáticas, dores artríticas, tendinites; como antiinflamatório; Afecções renais: como diurético. Blenorragias, leucorréia, orquite crônica, sífilis, como antiinflamatório e bactericida

Cânfora

Nome científico

Cinnamomum comphora

Nome popular

Canforeiro, alcanforeira, erva-cavaleira, rabugem-de-cachorro, alcanforero

Indicações e utilização

Contusões, dores musculares, reumatismo, frieiras. Como sedativo, nas doenças nervosas, hopocondria, histerismo, convulsões, epilepsia, melancolia, nevralgias, reumatismo

Juá

Nome científico

Zizyphus joazeiro

Nome popular

Joá, joazeiro, juá-de-espimho, juá-fruta, laranjeira-do-vaqueiro

Indicações e utilização

Febrífugo, bactericida, analgésica; cicatrizante tópico; gengivites, extrações dentárias, tônico hepático e cardíaco; adstringente; diurético; tônico capilar para seborréia e alopecia, caspa

Hortelã-de-folha-miúda

Nome científico

Mentha villosa

Nome popular

Hortelã-miúda, hortelã-villhoça

Indicações e utilização

Condimento e flavorizante, sindrome do intestino irritável; afecções gastrintestinais; infecções respiratórias; anestésicos tópicos e anti-séptico no tratamento de câncer

Fonte: Índice Terapêutico Fitoterápico

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